Ela não é mais a mesma;
Ela não mais se enxerga;
A vida não para, mas por um momento ela está presa no tempo. Sem poder correr, gritar, o ar lhe falta, os dias passam como se fossem milênios intermináveis e no final das contas a terra continua girando.
Já lhe perguntaram: “Como alguém tão forte caiu aos pedaços?” Ela mesma não entende o que foi feito de si, seus olhos racharam de tanto chorar, seu peito dói como se tivesse sido apunhalado e o machucado nunca melhorasse. Hoje ela olha a vida com outros olhos, o que antes era apenas mais um obstáculo, hoje parece mais como uma parede que sobe até a lua, lisa e sem meios para escalar ou destruir.
Muitos perguntam o que passa, depois de tudo o que você viveu não deveria estar assim, outros apenas dizem ser graça, meio o qual ela usa para chamar atenção. Todos errados e ao mesmo tempo todos estão certos, sim, depois de tudo que ela passou como ela poderia ficar normal? Ela quer atenção, quer ser vista como alguém, quer que a reconheçam e não apenas vejam o que querem ver.
Aquele olhar forte hoje é tomado pelo medo, aquela menina decidida hoje sofre com a carência, a indecisão. Sempre soube o que precisava fazer para conseguir o que queria, nunca teve vergonha e nem medo de ir atrás e fazer o que fosse necessário. Hoje? Se ela conseguir levantar da cama sem desmaiar ou cair aos prantos é a maior vitória que pode almejar.
Sua parede coberta de memórias de uma vida que não parece mais com a sua, o medo, o vazio, eles não vão embora e não usando se acha algo que pensa poder ajudar, você se encontra de cara com a parede, pois aquilo que talvez poderia ajudar é exatamente igual aquilo que deu a martelada final para sua torre de bloquinhos desmoronar.
Com o coração apertado ela chora, pedindo seu antigo EU de volta, sentimentos não faziam parte dele, e pelo visto não são amigáveis com ela. Sua casca dura e fria sempre foi seu Porto Seguro.